Tuesday, September 19, 2006

A inclusão na prática



Por Ana Ignácio e Nathália Duarte


Uma escola convencional recebeu um aluno autista com 2 anos de idade em 1998. Esse garoto está no mesmo grupo desde os 2 anos de idade. Até a pré-escola a turma era composta por 10 crianças. A partir da 1ª série essa classe aumentou para 25 alunos, o que dificultou a convivência, embora sempre tivesse uma auxiliar que acompanhava o garoto em todas as atividades. Não era fácil para ele ficar dentro de sala já que uma simples mudança de rotina ou o excesso de barulho o incomodava.
Ele começou a escrever no jardim de infância e sempre demonstrou facilidade para memorizar as coisas; desde pequeno era “obcecado” por decorar os países e capitais do mundo. Sabe todas, inclusive reconhece os países pelas bandeiras. Não tem erros ortográficos e conhece regras de pontuação e acentuação. Costumava freqüentar a biblioteca o maior tempo possível enquanto os colegas faziam outras atividades. Fazia uma ou outra lição na sala de aula com a ajuda da auxiliar. Fazia as verificações e avaliações em casa. Todos os professores foram ajudando o garoto a ficar um tempo maior na sala de aula, visto que era comum ele ficar andando pela escola e entrando nas outras salas.
Até o início da 3ª série ele era bastante dependente do adulto. Não abria a mochila, não pegava os materiais etc. Aos poucos foi conseguindo lidar melhor com isso e o seu tempo de permanência na sala de aula foi aumentando. Era difícil ouvir o outro e considerar que todos precisavam de ajuda e não só ele.
Na 4ª série teve avanços significativos. Não saiu mais da sala de aula e Começou a perceber o funcionamento das regras e a querer acompanhar o ritmo dos colegas nos trabalhos. Passou a fazer todas as atividades propostas, inclusive verificações e avaliações. Começou a lanchar no local apropriado e a subir para as aulas antes de todos.
A maior dificuldade encontrada até o ano passado era fazer com que os outros alunos entendessem o porquê dos “privilégios” do aluno inclusivo. Mas as dificuldades são pequenas se comparadas aos avanços. E isso se deu porque a escola investe na inclusão. Todos os professores acompanham o processo e tem um direcionamento frente às atitudes necessárias. Com isso, hoje o aluno está mais independente do adulto, já consegue esperar (não fica gritando e nem batendo a cabeça na parede quando não consegue realizar seus desejos de imediato), consegue interagir com os colegas em algumas atividades, nunca fica fora de sala e quer sempre participar das atividades coletivas, embora ainda seja difícil para ele ter uma opinião própria. Os avanços são significativos, e o retorno tem sido enorme.

No comments: