Wednesday, September 27, 2006

Repórteres do Acontece foram ao show de Chico Buarque e falam sobre a apresentação

Show do Chico Buarque, no Tom Brasil em São Paulo, gera opiniões contrastantes entre repórteres do Acontece. Leia os dois lados da história:

Por Ana Ignácio

Ele voltou a cantar!

Depois de anos de espera os fãs podem conferir Chico Buarque nos palcos do Tom Brasil, em São Paulo. Acompanhado de uma banda composta por ótimos músicos, Chico apresentou composições de seu novo CD, “Carioca”, e relembrou canções já consagradas e conhecidas pelo público. E que público! Jovens, velhos, famílias inteiras, homens, mulheres, “peruas” e “bichos grilos” compunham as mesas do teatro e todos acompanharam e cantaram as músicas novas.
A platéia estava em êxtase simplesmente com a presença de Chico Buarque. Em meio a muitos gritos (femininos e masculinos) “Chico, manda um beijo para mim”; “Chico, você é tudo!”, a timidez do autor pôde ser conferida.
Realmente sua importância para os fãs, para a música e para a história brasileira ficou muito nítida e foi reforçada com a reação do público quando as “antigas” foram interpretadas. A platéia, encantada, acompanhava Chico em um grande coro: Morena de angola; Quem te viu, quem te vê; Sem compromisso; Eu te amo; Bye bye Brasil; João e Maria.
Claro que muitas canções ficaram de fora da apresentação. Creio que todos tinham uma listinha pessoal das músicas que gostariam de ouvir. Mas apesar disso, ninguém se importou muito. O que estava realmente em questão era poder ver Chico Buarque de Holanda. Fazer parte desse momento, e de repente perceber: não é que ele existe mesmo?! Porém, um único problema: quando será que ele voltará a cantar? Na lembrança e nos rádios dos fãs, certamente todos os dias, por tempo indeterminado.

Por Pedro Sorrentino

Virou vinagre

Sua família está reunida e todos esperam loucamente provar o vinho daquela safra especial que foi guardada para o natal deste ano. Depois que aquele seu tio, o palhaço da família metido a besta, fez questão de abrir a garrafa, todos fazem cara de desanimados. O vinho virou vinagre. É estragou com o tempo. Com Chico Buarque foi a mesma coisa.
A importância da figura de Chico para história do Brasil é imensurável, pois sua música foi capaz de instigar mentes de diversas gerações – de quem passou pela ditadura e viveu a censura até os filhos dos censurados. Toda a mescla de gerações tem se reunido no Tom Brasil em São Paulo, para ver o semi-deus-galã-das-menininhas-sapecas. A maioria do público estava lá para venerar “a lenda” ao vivo, que infelizmente se mostrou apática e sem alma. Alguns dizem que é só a timidez natural dele, que Chico não serve para o show ao vivo. É seco mesmo.
O palco estava incrivelmente bem montado, a iluminação era genial, simples e tocante com as cores variando conforme a música. A banda de apoio é excelente e dotada de algo que faltou ao mestre Francisco: feeling. Ou melhor, a malandragem carioca, o rebolado do quadril ao som da cuíca e do pandeiro ao melhor estilo Bezerra da Silva. Talvez não tenham dado corda suficiente no boneco duro que parecia estar no palco, que após um setlist longo e novo (leia-se sonolento), resolveu nos presentear com clássicos ao final do show. Tivemos então um segundo momento incrível,(o primeiro foi quando ele disse “boa noite São Paulo”, e as mulheres foram a loucura).Com os clássicos, as luzes ficaram mais claras, todos levantaram e cantaram juntos foi demais a união de vozes que formava o coro: “hoje o samba saiu...procurando você”.Mas saí do Tom Brasil procurando na minha mente o porquê de não ter gostado de alguém tão genial.

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