Sunday, October 01, 2006

Matérias extras do Acontece Eleições

A importância da política na vida do jovem brasileiro

Nas próximas eleições mais adolescentes irão às urnas, porém muitos deles ignoram a importância do voto consciente.

Paula Carone e Júlia Toledo

Nos últimos quatro anos, o número de jovens votantes entre 16 e 18 anos na cidade de São Paulo aumentou 39%, ou seja, hoje os eleitores desta faixa etária somam 3 milhões. Isto mostra que estas pessoas estão mais engajadas no quadro político brasileiro do que se imagina. Prova disto são os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que relatam que 69% dos jovens acreditam que o voto pode mudar a situação do país e 66% consideram inaceitável não votar nas eleições.
A socióloga Graça Jacinto, professora da USP, explica que o motivo deste aumento se deve aos novos meios de comunicação, como a Internet, que facilitam o acesso do jovem às informações. Ela ainda alega que outro fator importante para este aumento foram os escândalos envolvendo os governantes atuais do Brasil: “Além da internet, o que motivou os jovens a irem às urnas foram os últimos acontecimentos políticos do país. Os escândalos envolvendo o governo os indignaram e, em função disto eles resolveram votar como forma de protesto.”
No entanto, numa enquete feita no Colégio Mackenzie no dia 25 de agosto de 2006, apenas 11 dos 50 entrevistados possuíam título de eleitor. De acordo com o aluno Klaus Bermauer, o motivo pelo qual ele não quis tirar o título foi a falta de interesse pela política. “Não tirei (o título) pois não quero perder meu tempo com política no Brasil”.
Dentre os que responderam sim, alguns o fizeram por causa do referendo de 2005 sobre o comércio de armas de fogo, como a aluna Adriana Sandoval. “Tirei (o título) com 17 anos porque queria votar no referendo sobre a venda de armas de fogo.”. Entretanto, , a maioria não o fez porque quis, e sim por pressão de familiares ou amigos que também estavam tirando o documento. Um exemplo disso é a aluna Juliana Alves da Cunha, que possui o documento mas não o possui por vontade própria. “Minha mãe me obrigou a tirar o título, mas eu não queria.”
Porém, alguns dos jovens entrevistados disseram que têm o documento porque acham importante as pessoas desta faixa etária se interessarem pela política do país, porque ela afeta diretamente a vida da população. Entre os entrevistados, Thiago Hoffman afirma que assiste o horário eleitoral para se informar sobre os candidatos, e que acha importante que os jovens como ele exerçam sua cidadania. “Gostaria que mais pessoas da minha idade também votassem e se interessassem mais por política. Somos nós que governaremos o país amanhã e, se as pessoas fecharem os olhos, o nosso país nunca vai mudar.”
Ele também acredita que, com um maior número de pessoas exercendo sua cidadania, o país tem mais chances de crescer e de enfrentar a situação atual, onde os próprios políticos não se importam com o país em si, mas sim com sua vontade própria.






Palestra com Boris Casoy
por Camila Braga

Política, eleições e cobertura jornalística. Esses foram os principais temas discutidos durante o debate com o jornalista e advogado, Boris Casoy. O evento, realizado pela união dos diretórios DCE, CAHL, DAEG, DAMAC e pelos grupos Falange Mackenzista e Tradição, encheu o auditório Rui Barbosa no último dia 5.
Boris comentou sobre a decepção brasileira com o atual governo, a falta de criatividade e crescimento na área econômica e, sobre a temática eleitoral, defendeu o voto distrital e facultativo.
O jornalista se sentiu bastante à vontade até para comentar a respeito de sua saída da Rede Record: “A Record buscava um modelo de jornalismo parecido com o da Globo, e eu não me encaixava nesse modelo.”, disse Casoy, que ainda completou, “ Meu jornal era neutro, mas se aprofundava na cobertura dos acontecimentos, diferente do da Globo.”
O debate foi intermediado pelo coordenador do curso de Jornalismo Vanderlei Dias, e foi dinamizado com perguntas vindas da platéia. Questionado a respeito da eficácia dos debates eleitorais e da ausência de candidatos que lideram as pesquisas de opinião, o ex-apresentador do Jornal da Record disse o seguinte: “Quem está ganhando nas pesquisas não vai aos debates, porque sabe que corre o risco de dar uma tropicada e piorar sua situação.”
Casoy também criticou o horário em que são transmitidos os debates políticos: “Queria ver se o debate fosse às oito horas da noite, com cadeira vazia e tudo, o que ia acontecer. Porque às dez horas só assiste quem pode acordar tarde no outro dia; quem trabalha, acorda cedo, não assiste ao debate.”
Em relação ao tema da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão jornalística, Boris Casoy se posicionou contra. Criticou os cursos de jornalismo, em geral, afirmando que são muito fracos e que falta a prática da profissão: “A técnica jornalística se aprende no dia-a-dia das redações.”
Ao final do debate, o jornalista respondeu ao Acontece, a respeito do voto nulo: “Eu sou contra, mas acho que é uma possibilidade da democracia.(...) Como você pode votar num candidato, pode votar em outro, pode votar em branco. (...) Eu sou contra, acho que ele não constrói.”

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