Saturday, October 28, 2006

Sobrou pra alguém: mesário!

Por Diego Salomão

No começo de julho, recebi a famigerada cartinha, “convidando-me” a comparecer ao cartório eleitoral mais próximo da minha casa. Como nos dois últimos anos, seria eu um dos pobres e coitados azarados que teriam a honra (?) de trabalhar no domingo das eleições. Mas antes, haveria o treinamento. O dito-cujo é uma palestra de cerca duas horas, explicando todas as nossas funções e os benefícios (há. Poucos, mas há).
Claro que muitos devem achar que por ser a 3ª vez em que eu trabalhava nisso fui dispensado dessa prévia. Acharam errado. O treinamento é obrigatório para o presidente da mesa e os mesários. Secretários e o suplente que se virem no grande dia.
A bem da verdade, essa distribuição de cargos só serve na hora de assinar a papelada. Na prática, trocamos o dia inteiro. Ninguém agüenta ficar nove horas seguidas fazendo a mesma coisa. Aliás, nessa eleição eu seria o 1ºmesário, ou (olha que chique) vice-presidente da mesa. Legal, não é? Não, não é. Se der qualquer coisa errada, eleitor encrenqueiro, falha no funcionamento da urna, falta de uma das vias do BU (boletim de urna),... É o presidente que tem que ficar até mais tarde pra resolver. Na falta dele...
Enfim, às sete horas da manhã daquele domingo, estávamos lá, mortos de sono, preparando a seção eleitoral. Com a experiência de duas eleições – sendo uma delas o referendo – eu, o presidente da mesa e outro mesário dávamos dicas para os calouros e montávamos os horários de saída para o almoço. Oito horas, conforme o esperado, já estavam à porta os primeiros eleitores. Senhores, orgulhosos do exercício de sua cidadania. Simpáticos, na maioria das vezes. Nós também éramos. Afinal, que culpa tinham aquelas pessoas do trabalho em que nos encontrávamos?
Aparentemente, o trabalho de mesário é uma chatice sem limites. Não é bem assim. É sempre divertido ver os nomes mais incomuns que se possa imaginar. Melhor que isso! É muito interessante conhecer pessoalmente as vítimas da criatividade paterna. Como era? “Prentiscidinei”, acho que é isso. Diga-se de passagem, um senhor muito educado.
E as figuras que apareciam para votar! Fantásticas. Acredite, você só entende o grau de desinformação das pessoas quando participa de um trabalho desse tipo. É assustador. Cômico, mas triste.
Ah, no fim da manhã, chegou um fiscal para nos dar o pagamento. Honrosos dez reais. Incrível, no ano anterior eram doze. Até nisso a gente é explorado.
Bom, cinco da tarde. O tão esperado momento de encerrar o trabalho. Assinar as trocentas vias do BU, pregar no mural, entregar para os fiscais e largar as explicações na mão do presidente. Quase eu, sendo que o folgado do nosso chegou quinze minutos antes de iniciar a seção.
Dica para as próximas gerações: tirem o título com 16 anos, pois é uma tendência de que seja escolhido para mesário quem anteriormente desprezou o processo eleitoral. Recado dado e vamos ver o que me aguarda no domingo. Votem rápido!!!!

1 comment:

Unknown said...

Muito bom gostei do jeito que voce descreveu nossa fatidica eleição rsrsrsrs